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Aviação Executiva: um ano de Pandemia

Análise do impacto da Covid no setor e a busca por soluções que atendam às exigências, e oportunidades, do cenário atual.

O ano de 2020 já é considerado o mais desafiador da história da aviação privada. O impacto da pandemia da Covid-19foi indistintamente sentido por toda a cadeia que envolve o setor: fabricantes de aeronaves, operadores aéreos, fornecedores de serviços, aeroportos e agregados, como agências de turismo e de eventos corporativos. Todos, sem exceção, consideram os meses que se sucederam ao anúncio oficial da pandemia global, em março do ano passado, como os mais difíceis já vividos, superando até catástrofes como os atentados de 11/9 e a crise americana de 2008-2009.

 

 Fonte: https://www.flightradar24.com/data/statistics
Fonte: https://www.flightradar24.com/data/statistics

 

Os números confirmam a análise negativa. Segundo pesquisa publicada neste ano pela International Civil Aviation Organization (ICAO), agência ligada a ONU, o setor de aviação civil como um todo (exceto aviação comercial)acumulou perda de US$ 370 bilhões entre março e dezembro do ano passado, com redução de 50% na oferta de assentos. A queda também foi vertiginosa no número de passageiros transportados: de 4,5 bilhões em 2019 para 1,8 bilhão de pessoas em 2020. Com relação às entregas de novas aeronaves, o declínio foi de 20,4%,conforme relatou a General Aviation Manufacturers Association (GAMA), em evento online no mês de fevereiro.

 

Lições e oportunidades

Computados todos estes prejuízos, o que será da indústria de aviação privada a partir de agora, um ano depois do começo da pandemia?

O cenário é conturbado, porém os desafios são só um lado do momento atual. Isso porque a pandemia também deixou lições importantes e gerou oportunidades para o setor. E foram estas que ajudaram em boa parte na recuperação acelerada das empresas, na casa dos 80% a 90% das atividades ainda no segundo semestre de 2020.

Dentre os ensinamentos consolidados, conforme relata a gigante brasileira Embraer em seu ensaio Market Outlook 2020, emitido em dezembro do ano passado, a percepção é de que as frotas devem ser menores a partir de agora, mais ágeis e com aeronaves de alcance regional – em razão do fechamento das fronteiras internacionais e a busca das companhias multinacionais em concentrar seus negócios dentro de uma mesma região. Por conta disso, o foco passa a ser no passageiro de viagens de curta distância. Fica também a máxima atenção no desenvolvimento de jatos mais sustentáveis: uma exigência do mundo pós-pandemia.

Outro legado deixado é a autenticação de segurança sanitária dada à aviação privada a partir de agora. Voar em aeronave executiva sempre foi mais seguro do que a opção por voos de carreira, quando se pensa em proteção à saúde dos passageiros. Não há aglomerações no vôo particular: nem antes de embarcar, nem durante a viagem e tampouco depois, já no destino final, com procedimentos exclusivos de desembarque. Em tempos de pandemia, isso significa redução drástica do risco de contaminação pelo coronavírus. Não obstante, os protocolos sanitários se tornaram ainda mais rigorosos, colaborando com o sentimento de segurança de quem acessa a aviação privada.
A eficiência é outro atributo que se tornou incontestável. Com o derretimento da aviação comercial, surge a oportunidade para as operações da aviação executiva assumirem o espaço deixado pelas grandes companhias em rotas menos concorridas. Além disso, a capilaridade é outro ponto dentre as soluções.

No Brasil, por exemplo, enquanto a aviação comercial pode acessar pouco mais de uma centena de aeroportos, osjatos e helicópteros privados contam com mais de 1.300 locais homologados para pousos e decolagens em território nacional. Uma vantagem imensa que traz benefícios diretos a quem precisa chegar a destinos muito específicos, seja a trabalho ou lazer.

 

Novas oportunidades

A pandemia da Covid-19 também criou oportunidades para a aviação privada. Dentre elas, podemos destacar:

· Expatriação

No primeiro semestre de 2020, o volume de missões de repatriação e expatriação de funcionários de empresas para outros países cresceu fortemente. Com restrições nas fronteiras, diminuição na oferta de voos regulares e preocupação com a saúde dos profissionais, a opção por uso de aeronaves executivas se revelou a mais inteligente. Esta percepção, aliás, tende a se manter mesmo como arrefecimento da pandemia. Deslocar ativos valiosos das empresas de maneira mais segura e eficiente passou a ser considerado investimento e não mais despesa nos orçamentos das companhias.

· Transporte aerohospitalar

Equipes médicas, medicamentos, respiradores, UTIs aéreas. A aviação privada se tornou uma importante aliada na logística de combate à Covid-19. Diversas companhias em atuação no Brasil e no Exterior passaram a considerar este perfil de atendimento em seus portfólios de produtos e a tendência é de que isso permaneça mesmo após o controle da doença no mundo.

· Flexibilização e novos modelos de negócio

Em agosto de 2020, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) autorizou as empresas de táxi aéreo brasileiras a comercializar assentos livres em seus voos– as chamadas “empty legs”. O objetivo foi ajudar os operadores a mitigar os custos das missões em um momento tão crítico. Outra opção autorizada pela agência foi a venda de trechos pré-determinados e com cotas máximas de passagens por semana nos voos fretados. A medida também tem ajudado às companhias a reduzir boa parte dos gastos com estas operações.

 

Tecnologia, inovação e sustentabilidade

Embora o momento seja de reconstrução cautelosa, a indústria da aviação privada também tem se movimentado com ousadia na busca por soluções que atendam às exigências no chamado “novo normal” do mercado.

Investimentos em conectividade a bordo, por exemplo, têm sido percebidos em diversos players do setor. Como o perfil de uso das aeronaves é majoritariamente de negócios, estes autênticos “escritórios voadores” precisam estar conectados com as suas bases o tempo todo. Neste sentido, a chegada da tecnologia 5G promete resolver este que é um dilema antigo da aviação executiva: a conexão de alta qualidade e velocidade durante o voo.

Inovar no setor é mandatório e a grande novidade para a década é a volta dos voos supersônicos, com foco na aviação privada. Diversas empresas em todo o mundo têm investido esforços e milhões de dólares no desenvolvimento de jatos que rompem a barreira do som para atender ao público de que precisa de deslocamentos intercontinentais mais ágeis. Assim, tudo indica que até o final de 2030, será possível realizar uma reunião de negócios em Nova York pela manhã, almoçar em Londres e retornar a São Paulo no mesmo dia, a tempo de colocar as crianças na cama para dormir.

Outra novidade que avançou no último ano foram os testes com os veículos aéreos não tripulados. Muitos deles, aliás, já realizam o transporte de cargas em curtas distâncias, mas, em breve, poderemos topar com estes “drones” sobrevoando países e, quem sabe, continentes inteiros com total autonomia e segurança.

Por fim, 2020 marcou também o aprimoramento tecnológico da produção dos chamados “combustíveis aéreos sustentáveis” (SAF, em inglês). É latente a preocupação do setor por garantir viagens aéreas privadas com o mínimo de pegada de carbono. Para tanto, fabricantes de aeronaves e a indústria do petróleo têm se esmerado fortemente na pesquisa e desenvolvimento destes produtos.

 

Fonte: Embraer Market Outlook 2020 - publicado em 08/02/2021
Fonte: Embraer Market Outlook 2020 – publicado em 08/02/2021

 

Conclusão

O setor de aviação privada mostrou resiliência diante do cenário mais desafiador de sua história. Tão logo precisaram se reinventar e oferecer novos serviços, as empresas deram a resposta e, três meses depois do início da pandemia, já demonstravam sinais robustos de recuperação.

À reboque, o setor de aviação privada confirmou em pleno ano de crise sanitária global a sua posição como meio de transporte ágil, eficiente e, sobretudo, seguro. Essencial para o transporte de passageiros e de carga, ara deslocamentos em emergências médicas e também ideal para viagens executivas estratégicas, quando a presença da liderança empresarial nas unidades produtivas é, antes de mais nada, um ato de resistência.

Espera-se um ano de 2021 de consolidação da aviação executiva como indústria e, principalmente, como melhor escolha na hora de se deslocar com segurança, proteção e eficiência.

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